Exposição centrada no Naufrágio Quinhentista de Belinho no Forte de Esposende

A exposição "Patrimónios Emersos e Submersos - Do Local ao Global” reabriu em abril, no Forte de S. João Baptista, em Esposende, ficando patente ao público durante os próximos meses.
Este ano assinalam-se os 450 anos da elevação de Esposende a vila, através da Carta Régia de Esposende, datada de 19 de agosto de 1572 e concedida pelo rei D. Sebastião.
A exposição promove e valoriza o Património Cultural subaquático e costeiro, centrando-se no Naufrágio Quinhentista de Belinho, secularmente contemporâneo da Carta Régia de 1572.
Recorde-se que, no Inverno de 2014 um importante conjunto de madeiras de cariz náutico começou a ser arrojado à costa portuguesa, a norte de Esposende, na praia do Belinho.
Juntamente com as madeiras deram igualmente à costa artefactos metálicos diversos, concreções ferrosas e pelouros em pedra. Madeiras e artefactos provinham indubitavelmente de um local de naufrágio, na altura, ainda desconhecido, mas situado ou ao largo daquela praia ou nas suas imediações mais a norte.
O Serviço de Património Cultural do Município de Esposende desenvolve, desde 2014, ações de preservação e conservação dos artefactos recuperados do naufrágio quinhentista de Belinho1.
Neste âmbito, continuam os trabalhos de dessalinização do importante conjunto de mais de 80 peças madeiras do navio, a grande maioria arrojadas na praia de Belinho e recuperadas com o auxílio dos achadores Luís Calheiros e Emanuel Sá, João e Alexandre Sá.
A conservação de material proveniente de contextos subaquáticos salinos é um trabalho complexo, demorado e que exige à equipa de conservação estudo constante. É uma luta constante em que o sal, a temperatura, a humidade relativa e o oxigénio são inimigos implacáveis da conservação destes objetos.
De realçar que a investigação realizada às madeiras, no âmbito do projeto ForSEADiscovery, contou com arqueólogos e especialistas em dendocronologia, apoiados por voluntários, um especialista em construção naval em madeira e pelos achadores João e Alexandre Sá.
Um dos resultados do estudo foi a identificação do tipo de madeira, proveniente de florestas de carvalhos Europeus (“Quercus robur/ Q. petraea”), incluindo carvalhos Ibéricos (“Q. pyrenaica / Q. faginea”), permitindo concluir que se trata de um navio de construção ibérica.
A mais recente publicação dos resultados da investigação intitula-se “The Belinho 1 Shipwreck, Esposende, Portugal”, da autoria de Ana Almeida, Tânia Casimiro, Filipe Castro, Miguel Martins, Alexandre Monteiro e Rosa Varela Gomes, editada pela internacional e prestigiada Springer Nature.
O Serviço de Património Cultural do Município de Esposende convida todos os interessados a mergulhar nesta história, numa visita à exposição “Patrimónios Emersos e Submersos – Do Local ao Global”, patente no Forte de S. João Baptista, um ícone da paisagem cultural que povoa o imaginário de várias gerações o qual, depois de cumprir a sua função militar na defesa do porto e barra de Esposende, continua a prestar serviços à navegação e à comunidade.
A exposição pode ser visitada, no Forte de S. João Baptista, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, com entrada gratuita.
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